“E por que atentas tu no argueiro que está no olho
de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” Lucas
6:41.
Semana passada, um dos assuntos mais comentados
na internet foi a atitude de uma enfermeira que matou seu cachorrinho
cruelmente. O vídeo em que foi registrada a agressão circulou amplamente pela
rede, e mesmo aqueles que não o assistiram ouviram algo sobre o assunto.
Os internautas manifestaram-se de diversas formas
contra a ação criminosa da enfermeira. A indignação e revolta daqueles que
tiveram acesso à notícia podia ser verificada em suas publicações no Facebook,
Twitter, Blogs, entre outras mídias sociais.
Eu também me revoltei com a ação da enfermeira,
mas, passados alguns dias, minha atenção voltou-se
unica e exclusivamente para o comportamento dos internautas que manifestaram
publicamente, na internet, suas opiniões acerca do ocorrido.
Quão incoerentes eram aqueles comentários rudes
contra a enfermeira!
Ao assistirem ao vídeo, muitos se colocaram na
posição de quem nunca faria aquele tipo de coisa, nunca se comportaria de forma
semelhante. Contudo, esqueceram-se que a carne da qual se alimentam com
frequência não cresce em pé de árvore, mas, um dia, foi um animal que tinha
vida, como o cachorrinho morto pela enfermeira.
Centenas de pessoas que xingaram a mulher que
matou o cachorro nunca xingariam o açougueiro que lhes vende a carne toda
semana. A propósito, muitos deles se divertem diante do corpo de um animal morto
queimando (não é isso o famoso churrasco?).
O ser humano tem uma habilidade tremenda de se
concetrar no erro alheio. Ele consegue captar rapidamente o pecado dos outros.
Nessa mesma velocidade, consegue esquecer de seus próprios (semelhantes)
pecados.
Não devemos ser coniventes com a maldade. Muito
pelo contrário. Devemos nos opor a toda e qualquer forma do mal. Mas, antes de
erguermos nossa voz contra o pecado de alguém, precisamos examinar a nós mesmos
e averiguar se o argueiro que está no olho do meu irmão não é uma trave em
nossos próprios olhos.
É muito perigoso apontar o dedo para o pecado de
alguém. Não gaste tempo criticando o próximo, a menos que você esteja disposto a
ajudá-lo. E ainda assim, se você estiver disposto a fazer algo para resgatá-lo
do pecado, faça isso da forma correta.
Imagine se, ao invés de xingar a enfermeira que
agrediu o cachorro, todos os cristãos que se uniram à manifestação (também
violenta) realizada na semana passada houvessem se unido em oração por essa
mulher! Quanto poder haveria! Imagine se eles tivessem aproveitado para refletir
sobre seus próprios atos relacionados aos animais. Talvez, de um dia para o
outro, dobraríamos o número de vegetarianos no Brasil.
Eu não sei qual é a sua incoerência nem o seu
pecado. Eu desejo apenas que esse texto lhe ajude a refletir um pouquinho sobre
sua vida, e como você lida com o erro das pessoas.
Sugiro também a leitura
dos textos Não acuse, interceda e A prática
do amor ao próximo e o zelo pela Lei.