O
Brasil é o país que menos dá voz aos chamados “céticos” das mudanças
climáticas, de acordo com um estudo da universidade de Oxford em
parceria com a Fundação Reuters realizado também em outros cinco países -
França, Índia, China, Estados Unidos e Grã-Bretanha. Costumam ser
chamados “céticos” os cientistas que não partilham da opinião consensual
do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), que conta
com a participação de mais de 3 mil estudiosos e representa a grande
maioria da comunidade científica, de que o aquecimento global tem muito
provavelmente causas humanas. Segundo a maior parte dos que estudam o
fenômeno, pesquisas recentes vêm reforçando a hipótese. O IPCC - cujas
conclusões inclusive são consideradas por muitos conservadoras - deve
publicar um novo relatório em 2014. Já a pesquisa da universidade
britânica indica que a imprensa britânica e americana foi responsável
por 80% do conteúdo contrário à hipótese aceita pelo IPCC publicado nos
países estudados. Desses, quase metade apareceu em páginas de opinião, e
não em reportagens.
O coordenador do projeto, o acadêmico e jornalista James Painter, afirma
que no Brasil o espaço reduzido se deve a uma “combinação entre cultura
jornalística, poucos ou nenhum grupo de pressão ligados ao setor
petrolífero e à virtual ausência de vozes fortes céticas na elite
científica, política e econômica” do país.
O Planeta & Clima foi até um dos poucos grupos organizados de
cientistas contrários à tese antropogênica do aquecimento global, o
FakeClimate. Para o professor de Climatologia da Universidade de São
Paulo (USP), Ricardo Augusto Felício, os motivos para a falta de espaço
na imprensa seriam outros.
Por email, o cientista afirmou que “o Brasil cumpre uma agenda
internacional que necessita estipular o falacioso desenvolvimento
sustentável, ou seja, alterar matrizes energéticas por fontes
alternativas duvidosas, caras e ineficientes, estipular novos impostos e
cercear direitos civis de escolha, por exemplo, além, é claro, de
entrar na onda da internacionalização dos recursos naturais”.
Ele também nega que não existam vozes céticas fortes na comunidade
científica brasileira e diz que a opinião está “espalhada por todas as
universidades e instituições”. “Ela só não ganha destaque por causa da
falta proposital de visibilidade e, ao mesmo tempo, se você for um
docente, por exemplo, pelos riscos de perder o emprego, perder
financiamentos, perder sua credibilidade.”
Por isso, o doutor em climatologia compara a situação atual com a Idade
Média. “A ciência do século 21 é feita por achismos e ideia de consenso.
Isso é um grande absurdo! Então, em outras palavras, querer contestar o
dogma do ‘aquecimento global’, mesmo mostrando dados e fatos, tornou-se
uma empreitada perigosa, cansativa e no final, inglória.”
Embora os chamados céticos sejam minoria na comunidade científica
mundial, muitas vezes façam parte de grupos financiados por empresas
petrolíferas e se oponham a alguns dos nomes mais respeitados do planeta
em diversas áreas de pesquisa, você acredita que eles deveriam ter mais
espaço? Ou isso só serviria para confundir o debate entre leigos?
(BBC Brasil)
Nota: Os motivos para a disseminação da ideia de que o
aquecimento global seja culpa dos seres humanos não são apenas
políticos/econômicos. Há razões filosóficas e religiosas por trás da bandeira ECOmênica,
conforme temos mostrado aqui no blog já faz algum tempo. Mas a matéria
acima revela uma faceta negativa da imprensa nacional: a falta de
abertura para posicionamentos discordantes do mainstream vigente.
E isso não é exclusividade da discussão em torno do aquecimento global.
Experimente ler novamente o texto trocando as palavras “aquecimento
global” e “mudanças climáticas” por “darwinismo”, e a palavra “céticos”
por criacionistas. Dará na mesma.[MB]
