Deus
está ficando com cada vez menos espaço para se esconder, pelo menos na
complexa área da física de partículas. [Ou os cientistas estão
demonstrando aqui sua profunda ignorância nessa área científica?] O
Grande Colisor de Hádrons (LHC), maior acelerador de partículas do
mundo, já acumulou dados suficientes para praticamente excluir a
possibilidade da existência do Bóson de Higgs, apelidado “partícula de
Deus”, em uma vasta gama de experiências. Se isso ficar realmente
comprovado, todo o Modelo Padrão da física, formulado em 1964, terá que
ser revisto. Das 32 partículas fundamentais do Universo (como prótons,
nêutrons, elétrons, entre outras) previstas pelo modelo, o Higgs é a
única que ainda não foi detectada. Sua detecção é um dos principais alvos da construção do LHC, que consumiu investimentos da ordem de US$ 10 bilhões.
Pela teoria, essa partícula seria responsável por dar massa a todas as
demais, formando uma espécie de campo análogo ao campo magnético de um
ímã em que as partículas mais “pesadas” sofreriam maior influência.
Segundo a Teoria da Relatividade de Albert Einstein e sua famosa equação
E=MC2, energia e matéria são intercambiáveis. Um próton tem uma massa
de 1 gigaeletronvolts (GeV)/C2. Diante disso, os cientistas do Centro
Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), que construiu e opera o LHC, já
descartaram com 95% de certeza a possibilidade de o Bóson de Higgs estar
no espectro de massa que vai de 145 a 466 GeV/C2. Some-se a isso dados
de experimentos anteriores com outros aceleradores já mostrarem que o
Bóson de Higgs também não está na região abaixo dos 115 GeV/C2, seu
“esconderijo”, se o Modelo Padrão estiver correto e ele de fato existir,
está bem apertado.
“Isso deixa a busca ainda mais interessante, pois pelo Modelo Padrão
‘puro’, isto é, sem outras extensões e modelos teóricos, a previsão é de
que a massa do Bóson de Higgs esteja abaixo dos 160 GeV/C2”, conta
Carla Göbel Burlamaqui de Mello, professora do Departamento de Física e
do Centro Técnico Científico da PUC-Rio e integrante de um dos grupos de
pesquisa instalados no acelerador do Cern, o LHCb.
O problema, diz Carla, é que essa faixa de massa mais baixa é mais
difícil de examinar com o LHC, justamente por causa de sua grande
energia, mesmo com o acelerador ainda operando à metade da potência
máxima prevista. Isso porque os aceleradores funcionam promovendo
colisões de feixes de partículas a altas velocidades, ou energia.
Detectores muito sensíveis acompanham os destroços das “explosões”
resultantes desses choques, que, então, são analisados pelos cientistas
em busca de sinais do decaimento das partículas formadas.
Também no Cern, Alberto Santoro, diretor do Departamento de Física de
Altas Energias da Uerj, lembra que a medida em que mais dados são
acumulados, aumentam as certezas em torno da exclusão do Bóson de Higgs
nas várias faixas de massa. Santoro ressalta ainda que é mais importante
a busca pela partícula em si do que ela ser de fato encontrada. “A
questão da exclusão carrega uma carga muito forte de pessimismo. Se o
Higgs existe só a experiência vai dizer. Não basta uma teoria para
determinar uma realidade, é preciso confirmar com a experiência. E se a
experiência não encontra o que se procura, paciência, o jeito é
construir outra teoria. E talvez esta seja uma realidade mais excitante
ainda.” [Aplique-se isso à teoria geral da evolução de Darwin - as
experiências científicas não encontram como se deu a origem e evolução
das espécies através da seleção natural e n mecanismos
evolucionários desde 1859: Darwin 1.0 já foi. Darwin 2.0 está indo pra
lata do lixo da História da Ciência. Darwin 3.0 - Síntese Evolutiva
Ampliada - somente em 2020! Muito excitante a espera...]
Carla segue na mesma linha. “Os processos que poderiam produzir o
Higgs diretamente são muito raros. É como ganhar na Mega Sena. Estamos
jogando trilhões de vezes para ter chance de observar algum evento que
indique sua presença. [Gente, mas é o que os governos no mundo
inteiro vêm fazendo - jogando dinheiro fora em pesquisas buscando uma
miragem transformista do século 19...] Além disso, o LHC não foi
construído só para buscar pelo Higgs, estamos também procurando por uma
física além do Modelo Padrão, como a subestrutura dos quarks e dimensões
extras. Mas tudo que estamos encontrando até agora é compatível com o
previsto Modelo Padrão e outros modelos teóricos alternativos estão
sendo descartados, inclusive os que preveem um Higgs de alta massa”,
afirmou a cientista.
(Jornal da Ciência)
Nota: As declarações dos cientistas envolvidos em pesquisas no
LHC mais parecem justificativas, pedidos de desculpas, tendo em vista
todo o alarde midiático em torno do lançamento do equipamento multibilionário.
A máquina que iria “recriar o big bang” está longe da pirotecnia
anunciada. (Os comentários entre colchetes no texto acima são do mestre
em História da Ciência Enézio de Almeida Filho.)[MB]
