Será
que dietas e vestuário resolvem as causas do comer excessivo que
resulta em obesidade e tanta frustração? O que falta? O que ajuda de
verdade?
Pesquisa da revista Glamour envolvendo 33 mil mulheres norte-americanas,
revelou que: 75% sentiam-se muito gordas; 96% afirmaram que seu peso
afetava seus sentimentos sobre si mesmas; 50% disseram que emagrecer
seria a opção que as faria mais felizes entre ser feliz num
relacionamento, ter sucesso profissional e receber notícias de um velho
amigo.
Nos EUA 20 milhões de mulheres têm distúrbios alimentares, 25% de todos
os homens e 50% de todas as mulheres vivem em constantes regimes. A
revista oficial da Associação Médica Americana (JAMA) publicou artigo
revelando que a prevalência de obesidade nos Estados Unidos entre 2007 e
2008 foi de 32.2% entre homens adultos e de 35.5% entre mulheres
adultas. (“Prevalence and Trends in Obesity Among US Adults, 1999-2008”,
JAMA, Vol. 303 No. 3, January 20, 2010). Dados de 2007 e 2008 mostraram
que 17% das crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos de idade naquele
país são obesas.
http://www.cdc.gov/obesity/childhood/index.html
O que é obesidade? – Obesidade é quando você tem um
IMC – Índice de Massa Corporal – acima de 30. Divida seu peso em
quilogramas pela sua altura ao quadrado. Por exemplo: se você tem 70
quilos e mede um 1 metro e 70 centímetros de altura, divida 70 pela
altura ao quadrado (1,70 x 1,70 = 2,89). Assim: 70 ÷ 2,89 = 24,22. O IMC
normal é entre 20 e 24,9. De 25 até 29.9 indica sobrepeso e acima de 30
é obesidade.
Pessoas gordas crêem que se emagrecessem ficariam bem, mas emagreceram
várias vezes e não ficaram bem, engordando de novo e começando novo
regime. Regimes e dietas por si só podem não funcionar porque comer
demais e excesso de peso, são sintomas, não o problema principal.
Enfatizar só a questão do peso é uma maneira de deslocar ou distrair o
foco de atenção e compreensão das causas reais pelas quais uma pessoa
come sem estar com fome ou sem necessitar.
Norte-americanos gastam cerca de 33 bilhões de dólares por ano
emagrecendo. As indústrias do emagrecimento não estão interessadas em
sua saúde porque não querem perder os clientes. Por isso vendem serviços
e produtos que “resolvem” só superficialmente e que não oferecem
resultados profundos e duradouros.
Dietas podem ser como pais opressivos e autoritários que lhe diz o que
fazer e quando, mantendo as pessoas fixas no exterior, em algo fora
delas e fazem com que dependam de fontes exteriores a si mesmos – a
própria dieta – para sua noção de bem estar e dignidade. As dietas
restringem as escolhas da pessoa e perpetuam a dependência.
Crianças normais que sofreram abusos (físicos, emocionais, verbais,
sexuais, etc.) na infância acreditam que a culpa foi delas. A pessoa que
come exageradamente crê que não possui autocontrole. Em vez de a
criança ficar brava com a pessoa que abusou dela, ela fica brava consigo
mesma porque ela teme perder o amor do pai/mãe. Em vez de recusar-se a
fazer uma nova dieta, o compulsivo alimentar se pune por comer demais e
recomeça outra dieta.
Rejeite começar nova dieta sem buscar mudanças em seu interior. As
mudanças têm um processo, não ocorrem da noite para o dia, e envolvem
falar a verdade para si mesmo e então decidir como viver de acordo com
essa verdade.
Profissionais inteligentes da moda mundial, dizem que vendem, na
verdade, não vestidos, mas amor. Afirmam que se puderem convencer as
clientes de que a mercadoria deles lhes trará amor, terão alcançado seu
objetivo. Uma pessoa adulta que quando era criança sofreu muito com
brigas, desavenças, separação dos pais, pode ter se apegado à comida
como substituta do amor. Se ficar tentando resolver a dor do passado
através de dietas e roupas, vai conseguir emagrecer naturalmente, de
forma permanente, e obter equilíbrio emocional?
Cesar Vasconcellos de Souza é psiquiatra
