Desde
sua independência em 1776, os Estados Unidos estiveram marcados por
valores judaico-cristãos, mas, com a proximidade das eleições de 2012, o
ideal de “Deus e pátria” parece guiar a visão de governo dos candidatos
presidenciais republicanos. A ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, o
ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, e o governador do Texas,
Rick Perry, deixaram claro que acreditam que seus passos estão guiados,
principalmente, pela força divina. Desde 2008, Sarah flerta com a ideia
de se lançar na disputa das eleições presidenciais, mas essa hipótese
foi descartada no último dia 6 de outubro. A ex-governadora do Alasca
anunciou que, após “estudar seriamente a proposta e fazer muitas
orações”, não disputará as eleições de 2012.
Sarah, que era a vice de John McCain na última campanha presidencial,
perdeu a oportunidade de chegar à Casa Branca, porém, permanece no
cenário público, onde faz constantes referências à Bíblia e ao lema
“Deus e pátria”. Aliás, esse é o principal lema do movimento conservador
Tea Party.
Durante o primeiro discurso sobre sua política externa, Romney afirmou
que “Deus não criou este país para ser uma nação de seguidores”. Segundo
Romney, o destino dos EUA é “liderar o mundo”. Falar de Deus e de sua
fé é algo praticamente natural para qualquer líder político no país.
Desde os discursos do presidente Barack Obama até o de um aspirante a
vereador, a conclusão é uma só: “Que Deus abençoe América.”
Afinal de contas, embora a Constituição separe a Igreja e o Estado, a
própria Declaração de Independência, de 1776, faz referência ao
“Criador”. Segundo algumas pesquisas, mais de 90% dos americanos afirmam
acreditar em Deus e, como eleitores, esperam que seus líderes políticos
sejam homens e mulheres “de fé”. [...]
Na semana passada, o senador independente Joseph Lieberman, um dos 31
judeus no Congresso, lembrou em um fórum de Nova York que o governo foi
formado para “resguardar os direitos outorgados por Deus”. O senador de
Connecticut celebra a relação “sublime e séria” da religião e a
democracia nos EUA porque, segundo sua opinião, foi uma força
catalisadora “para o bem” da vida nacional.
“Alguns dos grandes movimentos de consciência nos EUA surgiram das
convicções de religiosos, e utilizam a linguagem e a liturgia da fé”
para mobilizar suas bases, assinalou. Se a aparente religiosidade dos
americanos já foi retratada no século 19 na obra prima do célebre
historiador francês Alexis de Tocqueville, A Democracia na América, no século 21, a fé é uma constante na política republicana.
A situação pode ser comprovada com a chamada “Cúpula dos Eleitores com
Valores”, realizada na semana passada para reunir em Washington os
grupos da direita religiosa do país. Em 2008, durante um programa da
emissora Fox News, Sarah Palin disse que se deixaria guiar por Deus para
decidir sobre sua eventual candidatura presidencial. Aparentemente,
Palin deve ter escutado o sussurro de Deus: “não concorra”.
(Terra)
Nota: Caso um candidato republicano desses chegue à presidência
dos Estados Unidos, poderemos ver mais uma vez fortalecido o espírito
messiânico da superpotência e um fortalecimento das discussões em torno
de temas religiosos. A julgar pelo descontentamento popular
com os rumos da economia e com a política nacional, não será muito
difícil para os republicanos elegerem o próximo presidente
norte-americano.[MB]
