Enquanto eu distribuía convites para uma série evangelística no interior de São Paulo, um novo capítulo da história se iniciava. Um avião se chocou contra a Torre Norte do World Trade Center, ícone do poderio financeiro americano e do capitalismo global. Minutos depois, aos olhos de todo o planeta, outro avião atingiu a Torre Sul, caracterizando uma ação terrorista. Quando soube do ocorrido, senti que aquilo mudaria completamente o mundo. Muito sangue ainda seria derramado. Foi o que ocorreu vinte e seis dias depois no Afeganistão.
Estudiosos afirmam que foi em 11 de setembro de 2001 que o século 21 realmente começou. De lá para cá, guerras já ocorreram, o medo tomou conta dos viajantes, crises econômicas se formaram. Ou seja, o fato mudou a direção dos acontecimentos, o rumo da história. E, de lá para cá, parece que o tempo não passou. O mundo continua à sombra daquelas torres. Parece que foi ontem. Ainda estamos no dia 12 de setembro.
No 12 de setembro, vemos a superpotência americana prostrando-se sob um déficit do tamanho de seu gigantismo. Vemos um mundo em transformação – em muitos sentidos, para pior –, com o aumento da fome, da violência urbana, dos conflitos culturais, sem falar na ecologia. Assistimos à ruína das instituições humanas, especialmente da família e o surgimento de uma nova geração implacável, cheia de tecnologia e informação, mas sem amor.
Olhar profético
“Haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo” (Lc 21:26). Muito antes do 11 de setembro, há praticamente um século, o mundo transpira incerteza. Por mais que queiramos a paz e o bem, por mais que se desenvolvam novas tecnologias e as relações se tornem cada vez mais globais, ficamos cada vez mais inseguros. Vivemos no tempo das profecias. Todos os dias assistimos ou lemos nos jornais uma “seção Mateus 24” [capítulo da Bíblia que fala dos eventos finais], indicando claramente o momento em que vivemos. O mundo, como o conhecemos, está perto de seu fim.
O que fazer nessa época de incerteza e ansiedade? Em primeiro lugar, precisamos ter uma atitude de vigilância. O próprio Jesus disse: “Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mt 24:42). Vigiar significa estar atento não apenas aos fatos e sua ligação direta ou indireta às profecias bíblicas. O 11 de setembro não foi profetizado na Bíblia, mas o conjunto de eventos do qual ele faz parte, sim – hostilidade entre nações (Mt 24:7). Assim, a pessoa vigilante liga os fatos e decifra os tempos.
A vigilância está em contraponto à alienação. A pessoa alienada ignora os fatos, no sentido de simplesmente desconhecer o que está ocorrendo ou o que está por trás das coisas. É o alienado do mundo, que desconhece as profecias. É o alienado da igreja, que não sabe o que acontece em seus dias. A pessoa vigilante une os dois conhecimentos e se fundamenta numa fé mais consciente.
A pessoa vigilante também pratica outra virtude: a ação. Preparar-se para o verdadeiro fim história não é uma atitude contemplativa. Numa época em que o mal avança sobre a sociedade, precisamos lutar pelo bem. Em Mateus 24 e 25, Jesus contou cinco parábolas sobre a preparação para o tempo do fim. Quatro delas falam sobre ação. Os filhos de Deus devem ser os primeiros a levar conforto aos sofredores. Devemos ser uma influência no mundo, dizendo que há um Deus no Céu que julga a Terra e que porá fim ao sofrimento humano.
Segundo as profecias, o futuro nos reserva capítulos ainda mais tenebrosos que o 11 de setembro. Contudo, como cristãos vigilantes e ativos, podemos fazer a diferença na vida de pessoas, enquanto nos preparamos para o recomeço de todas as coisas.
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Diogo Cavalcanti, pastor e jornalista
