quarta-feira, 14 de setembro de 2011

11 de setembro

Enquanto eu distribuía convites para uma série evangelística no interior de São Paulo, um novo capítulo da história se iniciava. Um avião se chocou contra a Torre Norte do World Trade Center, ícone do poderio financeiro americano e do capitalismo global. Minutos depois, aos olhos de todo o planeta, outro avião atingiu a Torre Sul, caracterizando uma ação terrorista. Quando soube do ocorrido, senti que aquilo mudaria completamente o mundo. Muito sangue ainda seria derramado. Foi o que ocorreu vinte e seis dias depois no Afeganistão.

Estudiosos afirmam que foi em 11 de setembro de 2001 que o século 21 realmente começou. De lá para cá, guerras já ocorreram, o medo tomou conta dos viajantes, crises econômicas se formaram. Ou seja, o fato mudou a direção dos acontecimentos, o rumo da história. E, de lá para cá, parece que o tempo não passou. O mundo continua à sombra daquelas torres. Parece que foi ontem. Ainda estamos no dia 12 de setembro.

No 12 de setembro, vemos a superpotência americana prostrando-se sob um déficit do tamanho de seu gigantismo. Vemos um mundo em transformação – em muitos sentidos, para pior –, com o aumento da fome, da violência urbana, dos conflitos culturais, sem falar na ecologia. Assistimos à ruína das instituições humanas, especialmente da família e o surgimento de uma nova geração implacável, cheia de tecnologia e informação, mas sem amor.

Olhar profético

“Haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo” (Lc 21:26). Muito antes do 11 de setembro, há praticamente um século, o mundo transpira incerteza. Por mais que queiramos a paz e o bem, por mais que se desenvolvam novas tecnologias e as relações se tornem cada vez mais globais, ficamos cada vez mais inseguros. Vivemos no tempo das profecias. Todos os dias assistimos ou lemos nos jornais uma “seção Mateus 24” [capítulo da Bíblia que fala dos eventos finais], indicando claramente o momento em que vivemos. O mundo, como o conhecemos, está perto de seu fim.

O que fazer nessa época de incerteza e ansiedade? Em primeiro lugar, precisamos ter uma atitude de vigilância. O próprio Jesus disse: “Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mt 24:42). Vigiar significa estar atento não apenas aos fatos e sua ligação direta ou indireta às profecias bíblicas. O 11 de setembro não foi profetizado na Bíblia, mas o conjunto de eventos do qual ele faz parte, sim – hostilidade entre nações (Mt 24:7). Assim, a pessoa vigilante liga os fatos e decifra os tempos.

A vigilância está em contraponto à alienação. A pessoa alienada ignora os fatos, no sentido de simplesmente desconhecer o que está ocorrendo ou o que está por trás das coisas. É o alienado do mundo, que desconhece as profecias. É o alienado da igreja, que não sabe o que acontece em seus dias. A pessoa vigilante une os dois conhecimentos e se fundamenta numa fé mais consciente.

A pessoa vigilante também pratica outra virtude: a ação. Preparar-se para o verdadeiro fim história não é uma atitude contemplativa. Numa época em que o mal avança sobre a sociedade, precisamos lutar pelo bem. Em Mateus 24 e 25, Jesus contou cinco parábolas sobre a preparação para o tempo do fim. Quatro delas falam sobre ação. Os filhos de Deus devem ser os primeiros a levar conforto aos sofredores. Devemos ser uma influência no mundo, dizendo que há um Deus no Céu que julga a Terra e que porá fim ao sofrimento humano.

Segundo as profecias, o futuro nos reserva capítulos ainda mais tenebrosos que o 11 de setembro. Contudo, como cristãos vigilantes e ativos, podemos fazer a diferença na vida de pessoas, enquanto nos preparamos para o recomeço de todas as coisas.

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Diogo Cavalcanti, pastor e jornalista